Oswald de Andrade foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.
No primeiro e menos conhecido prefácio a Serafim Ponte Grande,“Objeto e fim da presente obra”, publicado na Revista do Brasilem novembro de 1926, Oswald de Andrade (2007: 48, 47, 48) atacava a pretensão, atribuída ao naturalismo, de copiar fielmente o real: “Tudo em arte é descoberta e transposição”. Daí que a história, dependente de relatos e narrações, partilhasse também desta impossibilidade de dizer o factual e não fosse neutra, e fosse, portanto, resultado das discursividades dos sujeitos: “Quem conta com a posteridade é como quem conta com a polícia” é a frase que abre o prefácio, é reforçada por outra, quase ao final do texto: “A gente escreve o que ouve - nunca o que houve”.
A Antropofagia (e o modernismo brasileiro como um todo) fez um uso constante desta possibilidade de reescrever a história, reinventando tradições e, evidentemente, obliterando outras versões do passado.